
O
preço da hora
Numa
grande e agitada cidade do Sudeste brasileiro
vivia um solitário menino. Nada lhe
faltava: estudava no melhor colégio
do bairro, possuía todos os brinquedos
que eram anunciados na televisão
como sendo "de última geração",
sua alimentação era completa
e balanceada e, caso adoecesse, era levado
aos melhores médicos e especialistas.
A primeira vista parecia que tudo estava
perfeito em sua vida, mas havia uma coisa
da qual ele sentia muita falta.
Certa noite, quando seu pai regressou de
mais um dia de trabalho, estressado como
todos os outros dias de todos os outros
meses e de todos os outros anos, Rubinho
- este era seu apelido - surpreendeu a todos
com a seguinte pergunta:
-
Pai, quanto você ganha por hora?
O
pai, um tanto irritado, questionou:
-
Que pergunta é essa, garoto?
-
Por favor, pai! Responda! Quanto você
ganha por hora? - insistiu Rubinho.
-
Não revelo isso a ninguém!
Nem a sua mãe sabe! Porque você
quer saber - foi a resposta.
Mas
o garoto não desistiu. Afinal, demorara
tanto para tomar coragem...
-
Por favor, pai! É importante para
mim!
Diante
da insistência do filho, o pai acabou
dizendo:
-Cinqüenta
reais a hora!
-
Então, pai, dá para me emprestar
20 reais?
Muito
indignado, aquele pai largou até
os talheres, empurrou o prato com o jantar
e esbravejou:
-
Era para isso que você queria saber
quanto ganho por hora? Seu moleque interesseiro!
Está querendo me sugar ainda mais
o sangue? Já não basta eu
me matar de trabalhar para te sustentar
com tudo do bom e do melhor? Você
não me perguntou se eu estou cansado,
se tive um dia difícil, mas o meu
dinheiro você quer! Vá já
para cama e não me amole mais!
Coitado
do Rubinho! Muito triste, mas obediente
como sempre, foi para se quarto, mas não
conseguia dormir.
Algumas
horas mais tarde, o pai, arrependido de
ser tão grosseiro com o filho, foi
ao quarto do menino e disse:
-
Desculpe, meu filho. Eu ando muito nervoso
e acabei dizendo o que não queria.
Está aqui o dinheiro que você
pediu.
Com os olhos ainda molhados de lágrimas,
o menino enfiou a mãozinha debaixo
do travesseiro e pegou 30 reais. Muito feliz,
disse:
-
Agora já completei! Pai, você
pode me vender uma hora do seu tempo?
Certa
vez, o nosso Senhor repreendeu Seus discípulos
por impedirem as crianças de se achegarem
a Ele, alegando que Jesus não tinha
tempo para elas. No entanto, nosso amado
Senhor disse: "Deixai vir a mim os
pequeninos , não os embaraceis, porque
dos tais é o reino de Deus".(Marcos
10.14).
Autor:
desconhecido
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