
O
velho lobo e o cão
Um
velho lobo, que há muito tempo nada caçava,
se viu numa situação difícil,
pois nada tinha para comer. Caminhava cambaleante
pela savana na esperança de ver uma presa,
doente ou ferida, a fim de matar a sua fome que
era grande.
O
sol castigava fortemente sua cabeça, fazendo-a
latejar de tanta dor que, em certo momento, até
amenizava a dor no estômago, que também
era constante. De repente, o velho lobo avistou
um belo cão, bem tratado e forte, e o admirou.
Logo, aproximou-se do seu parente no intuito de
saber de onde viera. Ele acreditava que de onde
o cão veio havia comida e bebida em abundância.
Então, o lobo o abordou, e começou
a choramingar a sua dor maior, que era a fome:
-
Veja, velho amigo, eu que sempre fui respeitado
como um exímio caçador, temido e
respeitado por todos os animais da floresta, agora
estou velho e nada tenho para comer, pois há
muito tempo que nada apanho, nem se quer uma lebre
perneta...
-
Se você vier comigo, ficará como
eu. Só precisa agradar as pessoas que moram
na casa e ser companheiro do dono. Ele dará
deliciosos restos de comida para você -
completou o cão, comovido com a situação
do velho lobo.
Após
o papo amigável, o lobo resolveu ir com
o cachorro para o seu novo destino. Entraram floresta
adentro, numa jornada longa e cansativa. Embora
fraco e debilitado, o que animava o lobo era saber
que, no final do percurso, teria a oportunidade
de comer um suculento prato de comida acompanhado
de uma boa tigela de leite. Bastava agradar ao
"dono". Dono!? Hummm! Aquilo começava
a preocupar o velho lobo.
Então
enquanto acompanhava o cão, o lobo percebeu
que seu companheiro tinha o pescoço cheio
de feridas. Esperou uma oportunidade para perguntar
como as adquiriu. Depois de pararem para um descanso,
de imediato, o lobo perguntou:
-
Amigo, se mal lhe pergunto, que feridas enormes
são essas? Quem lhe feriu?
-
A corrente! - respondeu o cão.
-
Que corrente? - questionou o lobo.
-
A que me mantém preso. Ela acaba me machucando
todo! - explicou o cão.
-
Você fica preso e não pode correr
para onde quiser? Não tem liberdade?
Então, de que adianta tanta fartura e beleza
se não há liberdade? - indagou o
lobo, retrocedendo de imediato.
O
cão entristeceu-se. E continuou o lobo:
-
Por esse preço, não quero nem o
mais valioso tesouro!
É,
amigo leitor, ao término desta narrativa,
chegamos à conclusão de que a liberdade
não tem preço, e que nada neste
mundo pode pagá-la. Esta é a razão
pela qual o nosso Deus deu o seu Único
Filho: para nos resgatar da prisão e partir
os grilhões que nos aprisionam. E também
para nos salvar e trazer a verdadeira libertação.
Autor:
Marcelo Crivella
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