
O jovem tambor

(Batalha
de Gettsburg)
Era
guerra. As perdas humanas em Gettysburg, como
em tantas outras batalhas frontais travadas durante
a guerra civil de 1861- 65, foram assombrosas.
Por
alto, estima-se que 23 mil nortistas e 28 mil
sulistas morreram, ficaram feridos ou desapareceram
nos três dias de violentos combates, totalizando
51.122 baixas (quase o que os Estados Unidos vieram
a perder em dez anos de intervenção
na Guerra do Vietnã).
Foi
um grande açougue em céu aberto,
no qual os abates foram tantos que o Sul, menos
povoado, não conseguiu mais se recuperar,
selando-se ali o destino da Confederação.
No
meio desta batalha, havia um jovem cristão
muito temente a Deus e a sua mãe uma pobre
viúva que também servia ao Senhor
e soubera educá-lo nos caminhos de Deus;
seu nome era Carlos.
Por
ser ainda bem novo Carlos foi convocado mas, colocado
para tocar tambor, ficando assim conhecido como
o jovem tambor. Ele ficara encarregado de dar
avisos aos demais soldados que guerreavam, através
de seu instrumento, que era ouvido embora estivessem
bem distantes...
Carlos
procurava sempre fazer o melhor; obedecendo a
todos os mandados dos seus generais...
Em
meio à guerra tão sangrenta, Carlos
foi ferido gravemente e levado com urgência
para o hospital de um médico judeu que,
ao examiná-lo ficou maravilhado ao fitar
os grandes olhos azuis do jovem Carlos, tão
lindos e tão puros, que mexeu com seu coração.
E
agora? Ele estava muito mal. O médico teria
que fazer algo para ajudá-lo e teria que
ser rápido: Ele teria que amputar uma das
pernas do rapaz. Após pensar um pouco e,
com um grande aperto no coração,
disse:
- Carlos, eu preciso operar você agora.
O jovem olhando-o nos olhos sorriu.
O médico não entendeu o porquê
daquele sorriso em um momento tão delicado
quanto aquele.
Preparando-se para dar a triste notícia
o médico suspirou como se estivesse reunindo
coragem e disse:
- Eu precisarei amputar a sua perna.
O moço sorriu novamente.
Há tantos anos como cirurgião aquele
médico nunca tinha visto um sorriso como
aquele em momentos de desespero. Ele continuou:
- Eu terei que anestesiá-lo Carlos:
Ao
que ele respondeu:
- Não doutor, eu não quero anestesia.
Sei que em breve irei morrer, e logo irei me encontrar
com Jesus.
O
médico levou um choque.
- Meu bom rapaz, mas você não irá
agüentar a dor quando eu cortar o grande
osso de sua perna...
- Sim doutor, eu agüentarei! Prometo ao senhor
que não vou dar um gemido sequer enquanto
estiveres amputando a minha perna!
- Então, aceite um pouco de Clorofórmio.
Isso poderá amenizar um pouco a sua dor...
O
rapaz arregalou seus grandes olhos azuis disse:
- Não doutor, não... Quando eu era
ainda bem pequeno, eu prometi à mamãe
que jamais poria na minha boca qualquer tipo de
bebida alcoólica e... Eu não posso
desobedece-la! Doutor... Em breve eu encontrarei
com meu querido Jesus e sei que vale a pena servi-lo
até o último momento de minha vida.
Eu prometo doutor... Eu prometo, que não
irei gemer...
Aquele
médico estava acostumado a fazer vários
tipos de cirurgia, muitos soldados haviam morrido
em seu hospital, mas ele nunca tinha visto tanta
fé, quanto à de Carlos por seu Jesus...
Ele
pediu alguns dos enfermeiros que lhe preparassem
um remédio para lhe dar ânimo naquele
momento.
Momentos,
antes da cirurgia Carlos pôs-se a ler seu
livro predileto, aquele que havia ganhado de sua
mãe quando ainda era pequeno.
O médico com um ar de assombro perguntou:
Que livro é este em que você está
agarrado o tempo todo?
- É a palavra de Deus doutor. E... É
através dele que encontro palavras que
me dão forças para suportar qualquer
tipo de problemas em minha vida. Meu Jesus, foi
quem deixou estas palavras aqui na Terra para
nós, ele é maravilhoso doutor...
Ele está vivo, e está aqui agora
comigo.
O
médico abaixou a cabeça, sério,
e disse:
- Carlos, eu não creio neste Jesus que
você tanto ama. Eu sou um médico,
respeito sua religião, mas você nunca
me fará acreditar neste seu Jesus.
Momentos
depois Carlos foi levado para a sala de operação
e enquanto sua perna era amputada ele agarrou
seu travesseiro e puderam ouví-lo murmurar
algumas palavras. Mas, quando chegou no osso grande
da perna, o médico teve vontade de chorar.
O jovem pôs seu travesseiro no canto da
boca e o médico ouviu dizer: "Jesus,
dá-me forças agora".
Após
a operação o cirurgião ficou
tão impressionado que naquela noite não
pôde dormir. De madrugada - o que não
era de seu costume - ele perguntou aos enfermeiros
de plantão acerca de seu paciente; o que
eles lhe contaram deixaram-no perplexo. Um dos
enfermeiros contou que mesmo após a operação
Carlos recebeu visitas de alguns irmãos
da igreja e que ele acompanhou todos os hinos
que foram cantados alegremente, como se não
estivesse sentindo nenhuma dor.
Aquele
cirurgião lutou, lutou... contra si mesmo
para não ir ver o jovem de olhos azuis,
mas não se conteve e foi ver seu paciente.
Ao
vê-lo aproximar-se o jovem sorriu e disse:
- Eu sabia que você viria doutor, eu estava
pedindo a Deus que lhe trouxesse aqui... Sei que
em breve eu irei partir deste mundo. É
possível que eu não veja o raiar
de mais um dia. Fique aqui, doutor, para ver-me
morrer, mas antes quero pedir-lhe um favor; prometa-me
doutor que não irás esquecer! Mande
entregar à minha mãe esta Bíblia
e também esta carta.
- Eu prometo Carlos - foram as palavra que conseguiu
pronunciar.
-
Doutor, quando o senhor estava cortando a minha
perna, eu estava pedindo a Jesus que entrasse
no seu coração e transformasse sua
vida. Eu tenho certeza que irei encontrar-me com
Jesus e quero vê-lo no céu, também.
Após
aquele momento o médico não pôde
conter-se, saiu do quarto e ficou só em
seu escritório, meditando em cada palavra
daquele jovem e em sua devoção ao
seu Jesus.
Uma
hora depois, Carlos partiu...
Aquele
médico acompanhou o caixão até
o local onde seria enterrado e pediu que seu caixão
fosse coberto com a bandeira dos Estados Unidos.
Os
anos se passaram.
Quinze anos depois. Em uma reunião, numa
cidade bem distante, uma senhora de meia idade
se levantou e disse: Eu tive um filho, que morreu
após ser gravimente ferido num campo de
batalha mas, antes dele morrer me escreveu uma
carta que recebi dias após sua morte, juntamente
com a bíblia que eu lhe dei quando ainda
era pequeno... - a pobre viúva não
conteve as lágrimas - Eu estou muito doente,
meu médico disse que tenho pouco tempo
de vida, sei que em breve irei encontrar meu filho
no céu com Jesus, irei rever meu querido
Carlos... Mas jamais poderei esquecer o último
pedido que ele me fez... Ele pediu que eu orasse
pelo seu médico que era judeu.
Nesta carta ele dizia: "- Minha querida mamãe,
sei que agora eu irei partir para encontrar com
Jesus. A senhora ainda está na terra. E
eu quero deixar meu último pedido a você:
Ore para que Jesus transforme o coração
e a vida do meu médico; ele tratou de mim
tão bem mamãe como se fosse meu
próprio pai, no entanto ele é judeu
e não reconhece a Jesus como seu único
e suficiente salvador e senhor... Não esqueça
mamãe de orar por meu Médico!
Seu
querido Filho: Carlos
A velhinha prosseguiu: - E, eu tenho feito isso!
Sinto tantas saudades do meu filho e, cada vez
que a saudade aumenta, eu oro ainda mais pelo
seu médico.
Muitos
enxugaram as lágrimas e, quando a pobre
senhora ia assentar-se, no último banco
da sala levantou-se um senhor e disse: - Boa senhora,
onde foi a batalha que seu filho estava?
- Gettsburg.
- Ele era quase um garoto?
- Sim.
- Ele tinha olhos azuis?
- Sim.
- Minha senhora, Jesus ouviu a oração
do seu menino de olhos azuis, enquanto eu cortava
sua perna...
- Eu... Eu sou aquele médico judeu a quem
tanto seu filho Carlos orava... No momento de
sua morte... E agora, eu... Eu também creio
em Jesus!
Abraçando a mãe de tão abençoado
jovem, todos ficaram emocionados... Sim,
Jesus ouve as orações.
Nota:
baseado em fatos verídicos
|