
A partida
Há
sempre um momento na vida, em que a dor e o contentamento
se confundem, se sobrepõem e se fundem.
É a vida nos ensinando, na dor e na alegria
do filho que parte...
Desejas
partir, então, deixa-me fazer a tua mala.
Nela colocarei silêncios, para que cales
quando for necessário que ouças,
e como sei quão árduas serão
tuas andanças, deixa-me colocar também
muitas, muitas esperanças...
Deixarei
algum espaço para as recordações
queridas, aquelas partes de nossas vidas em que
te tive no colo, em que me trouxeste orgulhoso
a prova com nota dez! E num espaço adicional
levarás o nosso amor, mas se um dia, algum
mal te assaltar, usa esse espaço também
para guardar tua dor...
E
quando teu universo disperso for muito mais que
um verso; mantém vivo o desejo do sucesso...
E que um dia teu regresso venha revestido de alegria!
Quando te fores, leva contigo nossos amores, deixa
comigo tuas dores para que não te atrapalhem
ao longo dos teus caminhos...
Antes,
rogo para que se espalhem ao teu lado muitos carinhos...
Mas, se as horas de solidão forem por demais
pesadas, se te sentires traído, se, ao
teu lado, ninguém estiver contigo, e se
de teus olhos rolar a lágrima que cai,
saibas que tens para onde retornar, para o ombro
amigo de teu pai...
Autor:
N. A. Silva
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