
O
caracol descontente
O pequeno caracol dormia pertinho da sua
mãe. O dia que estava amanhecendo
e seria muito importante para ele.
Na
noite anterior, a mãe havia dito
que ele já estava bem crescido, que
sua concha estava bastante forte, e que
por isso, poderia abandonar a folha em que
havia nascido e de onde nunca havia saído.
Ao
surgirem os primeiros raios de sol, o caracol
se levantou, escutou com impaciência
os últimos conselhos da mãe
e se despediu dela com um beijo.
Começou
a subir pela folha de alface, buscando o
caminho para chegar até o chão.
Ele estava se sentindo muito feliz e orgulhoso.
Quando
chegou na beirada da folha, abriu os olhos
assombrado. Nunca havia pensado que o mundo
fosse tão bonito! O sol, o vento
morno da primavera, as plantas que cresciam
à sua volta... E as flores? Como
eram bonitas e alegres com as suas cores!
Então,
seu espanto foi demais, quando viu se aproximar,
voando, uma borboleta. Era uma pequena borboleta,
recém saída do seu casulo.
A borboleta, falou alegremente com ele,
convidando-o para brincar: -Vamos! Vem comigo!
Vamos brincar, caracol!
Nesse
momento, o assombro e admiração
do pequeno caracol se transformaram em tristeza.
Percebeu que não poderia seguir a
amiga em se rápido vôo. Sobre
as flores.
-
Ah! Que pena! Minha concha é muito
pesada... e... não tenho asas...
nunca vou poder voar com você...
Com
muita dor no coração, abaixou
a cabeça e ficou muito triste. Aí
então, viu outro inseto no chão,
que lhe fazia sinais com as patas:
-
Hei! Você aí, caracol! Quer
brincar comigo? Era um besouro, que como
ele, também estava saindo pela primeira
vez de casa.
O
caracol pensou: - Agora vai dar certo! Com
ele eu poderei brincar! Mais que depressa,
escorregou pela verde folha de alface abaixo.
Quando chegou no chão, eles se cumprimentaram
alegremente: - Vem, disse o besouro. Vou
te levar ao rio.
E
o besouro desapareceu por entre as folhagens
antes que o caracol pudesse responder-lhe.
O caracol tentou inutilmente alcançá-lo,
mas o besouro corria muito depressa com
as suas seis patinhas. O caracol percebeu
que jamais o alcançaria: além
de não ter patas, ainda tinha que
arrastar sua pesada concha.
Duas
grandes lágrimas correram dos seus
olhos. A borboleta e o besouro se aproximaram
para consolá-lo.
-
O que aconteceu, amigo caracol? Porque está
chorando assim?
Não
posso brincar com ninguém porque
não posso voar nem correr... Vivo
preso nesta pesada concha, arrastando-a
o tempo todo... O caracol estava falando
a verdade. Seus amigos ficaram muito tristes:
era mesmo muito difícil brincar com
ele.
A
tristeza era tanta, que até o sol
se escondeu atrás de uma nuvem negra.
O vento se tornou frio e umas gotas de chuva
começaram a cair, diante da surpresa
dos três amigos. Rapidinho eles estavam
encharcados. Chovia pesadamente.
Pobre
borboleta! Em vão tentou proteger-se
com suas asas: elas estavam tão molhadas,
grudadas, que nem a deixavam andar. Para
não ser arrastada pela água,
agarrou-se fortemente a seu amigo caracol.
O caracol estava firme como uma rocha, completamente
protegido por sua concha.
O
besouro, foi correndo procurar um lugar
para se esconder. Escorregou e caiu de costas
na lama pegajosa... ficou preso e não
conseguia se levantar.
-
Socorro, gritava, agitando inutilmente as
patas.
Por
sorte logo a chuva parou. As nuvens se foram,
o sol voltou a brilhar com todo seu esplendor.
Enquanto
a borboleta abria e secava suas asas, o
caracol foi ajudar o besouro. Empurrou-o
com tidas as suas forças, até
livrá-lo do barro e colocá-lo
de pé.
-
Amigo caracol, como você é
forte! Quisera eu ter a sua força.
Minhas patas são muito rápidas,
mas não me ajudaram no barro... fiquei
atolado!
-
E eu, disse a borboleta, como eu gostaria
de ter uma casinha como a sua, para não
me molhar nunca mais... Quase me afoguei
e nem conseguia voas mais...
A
partir desse dias, os três ficaram
muito amigos. O pequeno caracol nunca ficou
chateado por ser como era. Apesar de não
ter asas para voar, nem patas para correr,
percebeu que tinha muita força e
sua concha servia de proteção
para os perigos. Ele ficou muito alegre,
vendo que era importante, tinha qualidades
e com elas podia ajudar aos amigos.
Autor:
Desconhecido
|