
A
vingança do amor

Meu
nome é Dabousu. Nasci na França
e durante a Segunda Guerra Mundial defendi minha
Pátria nos campos de batalha.
No
ano de 1944 fui feito prisioneiro pela Gestapo
(polícia alemã) e fui condenado
à morte. Considerando que era casado
e tinha quatro filhos, não me mataram,
mas fui levado a um campo de concentração
e condenado à cadeia perpétua.
Depois de nove meses, pesava somente 40 quilos.
Meu corpo estava coberto de chagas. Quebrei
o braço direito, e, devido á falta
de recursos médicos, o osso se soldou
fora do lugar.
No
da 24 de dezembro meus pensamentos estavam,
mais do que nos outros dias, voltados para minha
família. Eu estava no meio da depravação
e da sujeira e, em contraste, imaginava como
estariam minha esposa e filhos. Mergulhado nestes
pensamentos, um policial entrou no pavilhão
onde eu e os presos dormíamos. Gritou
meu nome. Apresentei-me a ele e me deu ordem
para segui-lo. Levou-me à casa do comandante.
Guiou-me até a sala de jantar onde o
comandante estava assentado perante uma mesa
preparada como se fosse o banquete de um rei.
Que visão maravilhosa para os meus olhos
famintos! No entanto, não me ofereceu
sequer as migalhas. Deixou-me parado, fitando-o,
enquanto se regalava com as várias iguarias
que estavam sobre a mesa. Assim passou o tempo;
ele comendo e eu olhando-o.
Certamente,
o comandante sabia que eu era um cristão
no Senhor Jesus Cristo e escolheu esta maneira
de torturar-me. Deve ter chegado a ele a notícia
de que eu falava de meu Salvador a meus companheiros.
Satanás tentou-me de maneira terrível.
Soavam em minha mente estas palavras: "Como
é, Dabousu, continuas crendo no Salmo
23? Nele não está escrito: "O
Senhor é meu Pastor, NADA
ME FALTARÁ?". Naquele
momento orei fervorosamente ao Senhor, ao mesmo
tempo que dizia para comigo mesmo: Sim, continuo
crendo no Salmo 23. Continuo crendo na Palavra
de Deus".
Naquele
preciso momento, um rapaz chegou trazendo uma
bandeja com uma xícara de café
e vários pastéis. Os pastéis
pareciam bem saborosos e o comandante comia-os
com muita satisfação. Voltou-se
para mim e me disse: "Sr. Dabousu, sua
senhora é uma excelente cozinheira. Dou-lhe
os meus parabéns por seu trabalho".
Quando
o comandante percebeu que eu não o entendia
foi mais explícito: "Há sete
meses que sua esposa está enviando-lhe
periodicamente um pacote com biscoitos, pastéis,
tortas e todas estas coisas que está
vendo sobre a mesa. Tenho apreciado muito a
comida de sua esposa".
Agora
eu estava entendendo o que ele quis dizer-me.
Pensei em minha querida esposa e nas crianças.
Do pouco que certamente teriam para comer, abstinham-se
do melhor para que eu tivesse alguma coisa para
comer. E ali estava um homem enchendo seu estômago
com ricos manjares à custa de minha querida
família.
Mais
uma vez, o diabo veio tentar-me. A voz do tentador
soava em minha mente: "Odeie-o, Dabousu,
aborreça-o, maldiga-o, grite, bata nele..."
Eu orei fervorosamente e Deus me ajudou. Nenhum
sentimento de ódio encheu meu coração,
porém, eu ansiava que ele me convidasse
para comer. Mesmo que não me desse nada
para comer, que pelo menos deixasse pegar naqueles
alimentos feitos carinhosamente pelas mãos
de minha esposa. Mas o comandante egoísta
e glutão comeu tudo e depois me dirigiu
palavras grosseiras. Finalmente, disse-lhe:
"Senhor comandante, embora o Sr. tenha
tantas coisas, na realidade é pobre.
Quanto a mim, sou rico, pois sou salvo pelo
sangue precioso do Senhor Jesus Cristo".
Após
ouvir meu testemunho, seu furor acendeu-se contra
mim de tal maneira que suas palavras passaram
a cair sobre mim como uma cachoeira. Mandou-me
de volta para o pavilhão, junto com meus
companheiros.
Quando
terminou a guerra fui libertado junto com os
outros prisioneiros. Daquele dia em diante me
propus a descobrir o paradeiro do comandante.
A maior parte dos comandantes dos campos de
concentração foram mortos. Este,
porém, tinha escapado usando um disfarce.
Durante mais de dez anos o procurei, até
que por fim consegui descobrir seu paradeiro.
Fui visitá-lo, acompanhado de um pregador
do Evangelho. Inicialmente, fingiu não
me reconhecer.
"Eu
era o número 175 no registro do campo
de concentração", disse-lhe
eu. "O Sr. não se lembra do dia
24 de dezembro de 1944?"
Como
uma folha estremecida pelo vento, o homem começou
a tremer. Sua esposa, que estava a seu lado,
ficou cheia de pânico. "Veio para
vingar-se?", disse-me ela com voz temerosa
e fraca. Eu respondi: "Sim, vim para vingar-me".
Olhou-me atemorizada.
Abaixei-me
para pegar um pacote que eu tinha trazido, abri-o
e apareceu uma magnífica torta feita
por minha esposa. Pedi à Sra. do comandante
que nos preparasse um café. Quando ficou
pronto, os quatro nos assentamos à mesa.
Enquanto
comíamos, os olhos do antigo comandante
se encheram de lágrimas. Implorou-me
que o perdoas-se. Respondi-lhe: "Ali mesmo,
enquanto o Sr. me perseguia, eu o perdoei em
nome do Senhor Jesus Cristo".
Um
ano mais tarde, o antigo comandante juntamente
com sua esposa aceitaram o Senhor Jesus como
seu Salvador. Continuaram na fé e deram
evidências de que tinham nascido de novo.
Guiados pelo Espírito Santo, eles entenderam
o amor de Deus, derramado em nosso coração.
Este mesmo amor nos ajuda a obedecer as palavras
do Senhor Jesus Cristo. "Amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem; para
que vos torneis filhos de vosso Pai celeste
(Mateus 5.44-45)"
Autor:
Desconhecido