É importante passar produtos adequados para cada faixa etária e ler sempre as recomendações do fabricante antes de utilizá-los
O uso de cosméticos muito cedo por crianças deve ser monitorado pelos pais. É imprescindível, também, que sejam utilizados produtos próprios para a idade e que não contenham ingredientes que causam mal à saúde. Veja as dicas de um especialista.
A vaidade do brasileiro está cada maior e mais precoce. Qual mãe, por exemplo, nunca se deparou com a filha observando os seus movimentos na hora de aplicar uma maquiagem ou presenciou a cena de uma criança passando batom e esmaltes na boneca ou até mesmo nas próprias unhas?
O uso de cosméticos, entretanto, pode ser muito perigoso se não forem utilizados sob alguns cuidados. Embora os produtos voltados especificamente para as crianças passam por mais testes e por uma maior fiscalização do Ministério da Saúde antes de irem para as prateleiras, há algumas recomendações que precisam ser seguidas a fim de evitar problemas cutâneos. "Devem ser evitados cosméticos que podem causar alergias, pois a criança tem a pele mais sensível é vulnerável a alguns componentes. Por isso é importante passar produtos adequados para cada faixa etária e ler sempre as recomendações do fabricante antes de utilizá-los", explica o Professor de cosmetologia, Diretor do IPUPO, Consultoria em Desenvolvimento Cosmético, e Coordenador da Pós-Graduação e MBA em Cosmetologia em parceria com a Unicastelo, Maurício Pupo.
Os sabonetes para crianças, por exemplo, são melhores, porque têm o pH mais próximo ao da pele. Mas não é todo cosmético, só porque tem no rótulo a palavra infantil, que está liberado. Hidratantes, sejam específicos para crianças ou não, afirma o professor, devem ser usados com recomendação médica. "Dificilmente os neutros causam alguma reação alérgica. Entretanto, quando se trata de bebês e crianças, que têm a imunidade mais baixa e a pele mais sensível, o risco de reação é maior. Portanto, é essencial conhecer cada ingrediente que faz parte da composição do produto", diz Pupo.
Escolha o cosmético correto
A melhor alternativa na hora de comprar cosméticos para crianças é optar pelos hipoalergênicos, ou seja, que contêm menos conservantes e costumam não ter perfumes e álcool. Outro fator que merece atenção é a procedência. Preste atenção, inclusive, às condições de armazenamento na loja e veja se têm registro do Ministério da Saúde na embalagem. Há cerca de 4.800 produtos infantis com registro oficial no Brasil. "Infelizmente, muitos dos nossos cosméticos contém ingredientes que fazem mal à pele, porém eles estão disfarçados nos produtos que usamos todos os dias, sendo difícil sua identificação, pois os aromas e os corantes agradáveis distraem a atenção do consumidor", explica o consultor.
Veja abaixo alguns ingredientes mais perigosos que o professor Maurício Pupo recomenda observar atentamente antes de comprar e utilizar qualquer cosmético, tanto para criança quanto para adulto.
Uréia: Atravessa a Placenta
A uréia é, com certeza, um dos hidratantes mais utilizados em cosméticos, tanto pela sua eficácia, quanto pelo seu baixo preço. O que muita gente não sabe, no entanto, é que a uréia é proibida para mulheres grávidas. E o principal motivo desta proibição é que a uréia penetra profundamente na pele e tem até mesmo a capacidade de atravessar a placenta, podendo chegar até o feto em formação, trazendo ao bebê consequências ainda desconhecidas.
Parabenos: Se Comportam Como se Fossem os Hormônios Femininos
Conforme estudo realizado na Universidade de Reading, Reino Unido e publicado em janeiro de 2004 no Journal of Applied Toxicology, os conservantes Parabenos apresentam propriedades estrogênicas, ou seja, se comportam como se fossem o estrogênio, um hormônio feminino. Há no mundo dos cosméticos uma enorme utilização de produtos contendo Parabenos por gestantes, lactantes, crianças e pacientes sob tratamentos diversos como câncer, reposições hormonais e terapias crônicas. Hoje, o mercado possui preservantes naturais ou mais modernos que, até o momento, demonstraram segurança, permitindo aos formuladores o desenvolvimento de formulações mais seguras.
O mesmo jornal publicou que o uso de parabenos em produtos cosméticos destinados à aplicação na área axilar (como desodorantes, por exemplo) deve ser reavaliado, pois estudos recentes levantaram a hipótese de que o uso dele nessa região pode estar associado ao aumento da incidência de câncer de mama, o que foi confirmado em teste realizado recentemente. Os parabenos podem ser identificados nas formulações dos cosméticos e desodorantes com diversas nomenclaturas: Parabens, Methylparaben, Ethylparaben, Propylparaben e Butylparaben.
Conservantes Liberadores de Formol: Podem Aumentar a Incidência de Câncer de Pele
O formol faz muito mal para a pele, mas o que a grande maioria das pessoas não sabe é que muitos cosméticos utilizam na formulação alguns tipos de conservantes que produzem e liberam formol. Além da já conhecida toxicidade do formol, um estudo realizado no Departamento de Dermatologia da Universidade de Debrecen, Hungria e publicado no periódico "Experimental Dermatology", em maio de 2004, revelou que esta substância pode contribuir para o aparecimento de câncer induzido pela radiação ultravioleta do sol. O consumidor pode se proteger destas substâncias observando cuidadosamente os rótulos traseiros das embalagens, procurando pelas seguintes substâncias: quatérnium-15, diazolidinil hora, imidazolidinil uréia e DMDM hidantoína.
Propilenoglicol: Risco de Alergias
O propilenoglicol é um produto utilizado como diluente de outras substâncias, sendo muito usado em uma ampla variedade de cosméticos. O perigo de seu uso está nos problemas de pele que este pode desencadear nas pessoas, como alergias e irritações. Um estudo realizado com 45.138 pacientes na Universidade de Göttingen, Alemanha e publicado no periódico "Contact Dermatitis", em novembro de 2005, confirmou o potencial sensibilizante (potencial para causar alergias) do propilenoglicol, confirmado por um outro estudo realizado no Departamento de Dermatologia do Hospital Osaka Red Cross, Japão e publicado no periódico "International Journal of Dermatology", também em 2005.
Para saber se o seu produto cosmético contém propilenoglicol na composição, verifique a palavra propylene glycol no rótulo traseiro da embalagem.