Descobertas arqueológicas marcaram o final de 2004.
Descobertas arqueológicas marcaram o final de 2004. A primeira foi a descoberta de Caná da Galiléia. A segunda, o Tanque de Siloé. Ambas apontam para a autenticidade histórica da narrativa bíblica.
A primeira descoberta aconteceu poucos dias antes do Natal. Arqueólogos israelenses anunciaram em 22 de dezembro terem descoberto na Galiléia o lugar onde estaria localizada a aldeia de Caná citada na Bíblia como o local onde Jesus realizou seu primeiro milagre, transformando água em vinho durante um casamento, conforme relato em João 2.1-11. Jarros de pedra encontrados no mesmo local seriam do mesmo tipo dos usados no milagre.
Os especialistas, que trabalham numa área conhecida atualmente como Kfar Kana, na baixa Galiléia, descobriram estruturas de um assentamento israelita que existiu durante mais de 700 anos, informou o Escritório Geral de Antigüidades de Israel.
A descoberta inclui ruínas de mais de um metro e meio de altura que datam das épocas helenística, romana e bizantina na Terra Santa. Pedras talhadas e utensílios caseiros, entre eles fragmentos de grandes jarros de pedra, também foram desenterrados no local, a uma profundidade de quase dois metros.
Entre os utensílios e fragmentos encontrados está um vaso de pedra que seria semelhante aos usados por Jesus para fazer o primeiro milagre. O Evangelho de João relata que Jesus pediu aos serventes da festa que enchessem "talhas de pedra" com água, que foi transformada em vinho.
A arqueóloga israelense Yardena Alexander, que coordena as escavações, assegura que se trata das ruínas da cidade de Caná, um povoado com fortes raízes nas tradições judaico-cristãs há mais de dois mil anos, e acredita que a Kana atual, uma cidade árabe, foi erguida nas proximidades do antigo vilarejo.
Tanque de Siloé
Ainda em dezembro, dias depois da descoberta da Caná bíblica, foi a vez do Tanque de Siloé, outra referência a um milagre de Jesus na Evangelho de João (João 9), ter sido encontrado. Uma equipe de arqueólogos descobriu em Jerusalém vestígios de pedra que seriam a Piscina (Tanque) de Siloé, onde, segundo a Bíblia, um homem cego foi se lavar sob a orientação de Cristo e voltou vendo (João 9.7).
Os arqueólogos participam de um projeto para desenterrar as pedras da piscina, que fica no bairro árabe de Siloé. Durante os trabalhos, que acontecem há seis meses, eles constataram que o tanque tem 50 metros de comprimento e era abastecido por uma canal vindo da Fonte de Siloé.
"Quando fizemos a descoberta, estávamos 100% convencidos de que se tratava da Piscina de Siloé", afirmou Eli Shukron, um dos arqueólogos da equipe, pertencente à Autoridade de Antigüidades de Israel.
A piscina de pedra tem degraus de acesso por todos os lados, explicou Ronny Reich, arqueólogo da universidade de Haifa. Já podem ser vistos com clareza um lado da piscina, dois cantos, uma parte da esplanada que a circunda e o canal que a abastecia de água.
Até o fechamento desta edição, a Autoridade de Antigüidades de Israel negociava com a Igreja Ortodoxa Grega, proprietária do terreno, a continuação das escavações.
Moeda de Jesus
Outra descoberta recente, de dezembro, foi a de uma moeda com a imagem de Jesus achada na cidade de Tiberíades, junto ao Mar da Galiléia. O detalhe é que peças similares já foram encontradas na Turquia, mas nunca em Israel.
Segundo os arqueólogos israelenses, a peça encontrada trata-se de uma moeda cunhada do século 10. Na outra face da moeda aparecem gravados em grego "Jesus Cristo, Rei dos Reis".
Antigas descobertas
As descobertas de Caná da Galiléia e do Tanque de Siloé soman-se a algumas das mais importantes descobertas do século 20 que comprovam a veracidade da narrativa dos Evangelhos.
Entre as principais descobertas estão as referências a Cirênio, Herodes, Caifás e Pilatos.
Os arqueólogos descobriram um Cirênio com seu nome gravado em uma moeda que o coloca como procônsul da Síria e Cilícia de 11aC, época do nascimento de Cristo. O censo de Cirênio é mencionado por Lucas em Atos 5.37.
Herodes é citado como rei da Judéia na época do nascimento de Cristo (Mateus 2). As ruínas de um dos seus palácios, o chamado Heródium, estão sendo escavadas desde 1973 pelo arqueólogo judeu Ehud Netzer, e comprovam o perfil do infame rei.
O sumo sacerdote Caifás, que presidiu o julgamento de Jesus e é várias vezes citado nos Evangelhos (João 11.49-53; 18.14 e Mateus 26.57-68), teve sua casa e restos mortais encontrados por acidente em novembro de 1990, quando trabalhadores estavam construindo um parque aquático na Floresta da Paz em Jerusalém, ao sul do elevado onde os judeus afirmam ser o Monte do Templo.
Em 1961, quando o governo italiano patrocinava escavações no teatro romano de Cesaréia, foi descoberta uma placa de pedra de 60cm por 91cm trazendo o nome de Pôncio Pilatos, bastante citado nos Evangelhos e um dos personagens do contexto da cricificação de Cristo (João 18.36-37 e 19.12--15,21-22). A inscrição de Pilatos está em quatro linhas, é escrita em latim e apresenta o título "Pôncio Pilatos, governador da Judéia", exatamente o mesmo título encontrado em Lucas 3.1.
Com o passar dos séculos, muitos lugares e cidades citados na Bíblia durante o ministério de Jesus também foram descobertos, comprovando mais uma vez a autenticidade do relato bíblico. Um desses lugares foi o Tanque de Betesda, lugar do milagre da cura de um paralítico por Jesus (João 5.1-15). Ele foi encontrado em 1903 na Jerusalém Oriental.
Outro lugar descoberto foi a Sinagoga de Cafarnaum, em 1983. Foi ali que Jesus desenvolveu boa parte de seu ministério (Mateus 8.5-13 e Lucas 7.1-10)