Fundamental para a renovação celular, o ácido é tão importante quanto o colágeno, substância que dá sustentação à pele.
Os dermatologistas começam a usar pela primeira vez no Brasil um hidratante injetável de longa duração. Aprovado na Europa há um ano, o produto acaba de receber o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Aplicado na derme, a camada mais profunda da pele, o hidratante (Restylane Vital, da marca suíça Q-Med) tem duração de pelo menos seis meses no organismo. “Ele é degradado aos poucos na pele”, explica o cosmiatra Jardis Volpi, que tem 20 pacientes à espera do produto em sua clínica. Cada aplicação custa, em média, R$ 600 - são necessárias duas por ano.
O componente principal é o ácido hialurônico, substância presente no organismo animal e em todos os órgãos, mas em diferentes proporções. “O ácido é justamente o principal responsável pela retenção de água na pele”, diz Ana Paula Meski, dermatologista do departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologista (SBD). “O hidratante injetável repõe o ácido.”
ENVELHECIMENTO
Fundamental para a renovação celular, o ácido é tão importante quanto o colágeno, substância que dá sustentação à pele - depois dos 30 anos, a renovação celular diminui em 20%. Aos 50 anos, apenas 50% das células se renovam. “O estímulo da renovação celular retarda o envelhecimento”, conta Volpe.
O ácido hialurônico do hidratante injetável é sintético, mas praticamente idêntico ao ácido natural da pele. A semelhança faz com que ele não seja rejeitado pelo organismo (na forma de infecções, por exemplo). Por não ser natural, não é metabolizado imediatamente e, portanto, dura mais no organismo.
O produto só pode ser usado em clínicas médicas e deve ser aplicado a uma profundidade de 4 milímetros. “Não há segredo para o profissional”, afirma a dermatologista Ana Paula, da SBD. “O produto é bastante líquido. Em camadas mais superficiais, ele pode ficar aparente, mas acaba sendo eliminado com o tempo.”
Regiões menores do corpo, como rosto, pescoço, peito e mãos, são as mais recomendadas para o hidratante injetável. “As áreas ainda não podem ser muito amplas pelo método de aplicação”, avalia o cosmiatra Volpi.
São cerca de 60 picadinhas em cada área - a espessura da agulha equivale a um fio de cabelo. O médico aplica 0,01 milímetro do hidratante em cada ponto, e o tempo de duração de cada sessão é de cerca de meia hora. Se preferir, o paciente pode usar creme anestésico local.
A advogada Juraci Nascimento, de 37 anos, foi uma das primeiras a usá-lo no País, há três semanas. “Na hora você sai do consultório com uma sensação agradável na pele, é como se ela tivesse ganhado viço”, diz Juraci, que usou o produto no rosto. “Ela foi melhorando aos poucos e com o tempo ficou mais lisinha e aveludada.”
DUAS CAMADAS
A pele é formada por duas principais camadas. A mais superficial é a epiderme, onde estão localizadas as células produtoras de melanina, proteína responsável pela pigmentação. A maior parte da pele é fininha. Depois vem a derme, onde estão os receptores da dor e vasos sanguíneos que a nutrem. Os vasos têm ramificações que chegam às glândulas funcionais, como as que produzem suor, óleo e pêlos. Abaixo da derme existe ainda uma camada de gordura que ajuda a isolar o corpo contra o calor e o frio.
A maioria dos cosméticos age na epiderme, como os hidratantes na forma de creme. Mas eles formam uma espécie de filme de proteção, não penetrando na pele. Na forma mais densa, o ácido hialurônico também pode ser usado como material de preenchimento de rugas.