A maior parte dos casos ocorre através do contato com águas contaminadas pela urina de ratos.
A leptospirose é uma doença infecciosa aguda causada pela bactéria Leptospira interrogans, transmitida pela urina de ratos. Os surtos ocorrem, principalmente, na época de enchentes, quando a bactéria penetra no organismo através de pequenos ferimentos ou pelas mucosas do nariz ou da boca, provocando insuficiência renal e hepática. O Brasil apresentou 4.128 casos da doença em 2000, a maior parte deles no Estado de São Paulo, segundo dados divulgados pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Não existe vacina para a enfermidade. Sua forma grave pode provocar icterícia, meningite e levar à morte.
A moléstia afeta especialmente os animais, como roedores e outros mamíferos silvestres. Os animais domésticos, como cães, gatos, bois e cavalos, também podem ser atingidos. Esses bichos, mesmo quando vacinados, podem tornar-se portadores assintomáticos da bactéria e eliminá-la junto com a urina, às vezes por toda a vida. O rato de esgoto (Rattus novergicus) é o principal responsável pela infecção humana. A bactéria eliminada por ele penetra através da pele e das mucosas (olhos, nariz, boca) ou por meio da ingestão de água e alimentos contaminados. A presença de pequenos ferimentos na pele facilita essa penetração. O ser humano não é considerado um transmissor da doença, a contaminação de uma pessoa para outra é muito pouco provável.
No Brasil, a maior parte dos casos ocorre através do contato com águas contaminadas pela urina de ratos. A rede de esgoto precária, a falta de drenagem de águas pluviais, a coleta de lixo inadequada e as conseqüentes inundações são condições favoráveis para o aparecimento de epidemias. Assim, a doença atinge em maior número pessoas de baixo nível sócio-econômico, que vivem nas periferias das grandes cidades. Outra causa freqüente de aquisição da moléstia é a falta de proteção adequada durante a limpeza de fossas domiciliares. Aconselha-se evitar o contato desnecessário com a água e com a lama durante as inundações.
Os sintomas da leptospirose aparecem entre dois e trinta dias após a infecção, sendo o período de incubação médio de dez dias. Febre alta, sensação de mal estar, dor de cabeça constante e acentuada, dor muscular intensa, cansaço e calafrios estão entre as manifestações da doença. Também são freqüentes dores abdominais, náuseas, vômitos e diarréia, podendo levar à desidratação. É comum que os olhos fiquem acentuadamente avermelhados. Alguns doentes podem apresentar tosse e faringite. Em alguns pacientes os sintomas podem ressurgir após dois ou três dias de aparente melhora. Nesse período, é comum aparecer manchas avermelhadas pelo corpo e pode ocorrer meningite.
A partir do terceiro dia de doença pode surgir icterícia (olhos amarelados) nos enfermos que apresentam casos mais graves (cerca de 10%). Nesse grupo, aparecem manifestações hemorrágicas (equimoses, sangramentos em nariz, gengivas e pulmões) e o funcionamento inadequado dos rins, o que causa diminuição do volume urinário e, às vezes, anúria total (supressão da urina) . A evolução para a morte pode ocorrer em cerca de 10% das formas graves.
O tratamento de pessoas com leptospirose é feito principalmente com hidratação. Não devem ser utilizados medicamentes para dor ou para febre que contenham ácido acetil-salicílico, que podem aumentar o risco de sangramentos. Os antiinflamatórios também devem ser evitados. Quando o diagnóstico é feito até o quarto dia de doença, devem ser empregados antibióticos, que reduzem as chances de evolução para a forma grave. As pessoas com leptospirose sem icterícia podem ser tratadas no domicílio. As que desenvolvem meningite ou icterícia devem ser internadas.