Pesquisadores norte-americanos identificam gene envolvido com a disseminação do câncer de mama
Pesquisadores do Centro de Pesquisas do Câncer Fox Chase, nos Estados Unidos, identificaram um importante gene envolvido na metástase do câncer de mama cujas células são resistentes a terapias com antiestrógeno.
A descoberta foi apresentada nesta terça-feira (17/4) no 97º Encontro Anual da Associação Norte-Americana para a Pesquisa do Câncer, em Los Angeles. O gene pode vir a ser um marcador útil para estimar quais pacientes têm maior risco de recorrência do câncer de mama e auxiliar médicos a oferecer planos de tratamento mais apropriados.
A pesquisa teve foco nas células do câncer de mama que adquiriram resistência a uma classe de drogas anti-hormonais conhecidas como inibidores de aromatase (IA). Os IAs desligam a enzima aromatase, que faz o corpo produzir estrógeno fora dos ovários.
Essas drogas, de acordo com os autores do estudo, estão entre as mais novas e eficazes formas de terapia hormonal para mulheres pós-menopausa cujos tumores tiverem testes positivos para receptores de estrógeno, indicando que esse hormônio alimenta o crescimento de células cancerosas.
“Infelizmente, um dos inconvenientes para o uso prolongado de um IA é a possibilidade de algumas das células cancerosas desenvolverem resistência à droga e se espalharem independentemente do estrógeno”, disse Joan Lewis-Wambi, pesquisadora do Fox Chase que apresentou os resultados do estudo sobre células de câncer de mama agressivas resistentes aos inibidores.
“Nosso laboratório desenvolveu várias linhagens de células de câncer de mama resistentes a IA e descobriu que elas são muito invasivas se comparadas com aquelas sensíveis aos inibidores. A análise de atividade genética nessas células resistentes mostrou que elas expressam altos níveis de genes associados com características invasivas e com a metástase”, explicou.
Os pesquisadores observaram, no entanto, que podiam reverter esse comportamento agressivo utilizando moléculas conhecidas como RNAs de baixa interferência para desativar o gene chamado Ceacam 6.
“De modo geral, a pesquisa identificou o Ceacam 6 como um mediador único de agressividade e alastramento do câncer de mama resistente a IA. Isso indica que ele pode ser um importante biomarcador para a metástase e um possível alvo para novos tratamentos para pacientes com câncer de mama em metástase”, disse Joan Lewis-Wambi.