Uma nova atitude

A consulta médica que me ensinou uma inesperada lição de alegria.

Há poucas semanas, levei minha filha de dezesseis anos ao médico. Após um tempo de espera, uma enfermeira nos conduziu à sala de exames. Lá, ela realizou todas as verificações de costume – pressão sanguínea, freqüência cardíaca, peso – e fez algumas perguntas a Caitlin sobre o que ela estava sentindo que a tinha levado àquela consulta médica.

O processo durou uns cinco minutos, e foi realizado com muita eficiência... e durante todo esse tempo a enfermeira não deu um sorriso sequer. Na verdade, ela mal tirava os olhos do computador.

“Ela é um contínuo raio de sol”, comentei com minha filha assim que ela deixou a sala.

“Você disse isso na última vez, mãe“, Caitlin respondeu com gracejo. “Eu peguei ela da última vez”.

Vamos avançar um pouco. Depois da consulta, Caitlin e eu fomos ao laboratório fazer alguns exames de sangue. Apesar de não ficar desesperada quando vê sangue, Caitlin estava tensa e estranhamente imóvel com preocupação por causa da agulha.

“Olá”, cumprimentou a jovem técnica que parecia ser a responsável pelo laboratório naquele momento. Conduzindo Caitlin até uma das cadeiras, a técnica apontou para a jaqueta escolar preta e dourada da Caitlin. “Essa jaqueta é muito bonita. Qual escola você freqüenta?”

Assim que ela prendeu o torniquete, passou o álcool, e tirou vários frascos de sangue da minha filha, essa jovem mulher (cujo nome lia-se “Di”) passou a manter uma conversa amigável e tranqüila. Devagarzinho, Caitlin começou a relaxar, até sorriu em resposta.

“Esse procedimento é novo”, observei, referindo-me à sonda que ia da agulha até a seringa.

“Essa é uma agulha pequena”, a Di explicou. “Imagino se fosse meu filho nessa cadeira, gostaria que eles usassem a menor agulha possível”.
Depois, quando a gente estava voltando para casa, fiquei admirada com as duas mulheres que conhecemos. Ambas trabalhavam em empregos que estavam longe de ser excitantes ou charmosos. E as duas tinham que lidar com pessoas que não estavam exatamente felizes em vê-las. Quem verdadeiramente gostaria de estar em um consultório médico, quanto mais encarar uma agulha?

Apesar de a vocação delas serem parecidas, aquelas duas mulheres não poderiam ser mais diferentes. A enfermeira (cujo nome nunca procurei saber) passava tristeza e insatisfação, desde suas frases curtas, até seus desvios de olhar e sua expressão fria. Tudo nela gritava que ela deveria estar em algum outro lugar. E, sinceramente, suas atitudes me fizeram desejar que eu também estivesse.

Di, por outro lado, irradiava alegria. Sua cordialidade e sua atenção não apenas fizeram a paciente – e a mãe da sua paciente – se acalmar, mas também nos convenceu de que ela estava feliz em nos servir.

Queria saber o que fez a diferença nessas duas mulheres. Será a personalidade (algumas pessoas vêem o “copo meio vazio”, enquanto outras focalizam o lado positivo)? O modo como seus pais as ensinaram a tratar os outros? Uma expressão da fé delas – ou a falta disso? Eu, provavelmente, nunca saberei.

O que sei é que, como cristã, quero ser como a Di. O apóstolo Paulo disse: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens” (Colossenses 3:23). Isso soa simples superficialmente. Mas, como minha vida será diferente se eu tratar cada tarefa – não apenas as divertidas, mas na lavanderia, dirigindo, lavando o banheiro – como se eu estivesse fazendo para Jesus! Penso que quando meus filhos me encontrarem esfregando o telhado (que eu odeio) ou quando meus colegas de trabalho me virem lutando para cumprir um prazo, devo estar portando um sorriso, ao invés de estar resmungando.

E espero que possa passar um tipo de alegria que faça com que as pessoas desconhecidas se lembrem do meu nome.

Dawn Zemke - www.cristianismohoje.com.br | 2009-03-07 04:48:01





Opinião

O evangelho não é uma doutrina de língua, mas de vida. [João Calvino]